Por Aguinaldo Nascimento Figueiredo

A Federação de Judô do Amazonas foi fundada em 12 de julho de 1973, tendo como membros fundadores o atleta Nilson Pascoal da Silva, os srs. Luís Carlos Mestrinho Melo, o “Tical”, Almério Botelho Maia, Flávio Cordeiro Antony, Valter Caldas, Iran de Carvalho e o poeta Enson Farias.

O primeiro Campeonato Amazonense de Judô ocorreu em março de 1974, no Colégio Militar de Manaus.

A primeira academia a ser instalada oficialmente no Amazonas foi fundada por Nilson Pascoal da Silva, em outubro de 1974, com a denominação de Judô Clube Manauara. No mesmo ano de 1975, a direção da Academia Samurai passa para o comando de Dorgival Francisco das Chagas, que foi aluno de jiu-jitsu e judô do professor José Maria (ex-aluno de Takeo Yano). Com um trabalho brilhante em prol dos esportes marciais no Amazonas, esse profissional morreu em 1998, e como reconhecimento o ginásio do Colégio Dom Bosco leva seu nome.

De seus alunos, foi destaque a atleta Rosemarina da Silva, medalha de ouro no Campeonato Brasileiro Norte-Nordeste, em São Luís do Maranhão, em 1982, e Jovandeci de Souza, medalha de ouro nesse mesmo campeonato, sendo o primeiro amazonense a integrar uma seleção brasileira e único atleta do Norte a participar da Copa Jigoro Kano, realizada em comemoração ao centenário de criação do judô, em São Paulo, em 1982.

Em 1974, o campeão brasileiro de judô e peso médio Tetsuo Fujisaka, instalou sua academia no Boulevard Amazonas, onde instruiu milhares de jovens amazonenses, tendo como alunos homens ilustres como os irmãos Monteiro de Paula e Jéferson Praia. Outra academia que foi destaque no Amazonas, foi a Associação Bushidokan de Judô, fundada nos anos 80 e localizada à rua Itamaracá, pelo médico ortopedista Tikara Hajiwara, faixa preta, formado pelo mestre japonês Kokitani.

Nesse mesmo contexto do pioneirismo foi muito importante a atuação da Associação Shogun, fundada em 22 de setembro de 1986, pelos professores Aldemir Duarte e Edval Lago, que foram alunos do professor Dorgival Francisco das Chagas. Por ela passaram milhares de praticantes de judô, principalmente trabalhadores do Distrito Industrial e jovens carentes que não podiam, muitas das vezes, arcar com as despesas e com o rígido treinamento. Outros jovens abnegados deram continuidade ao trabalho desenvolvido pela Shogun, fundando suas respectivas academias, destacando-se entre eles o professor David Azevedo (Atual presidente da FEJAMA), o professor Luciano Dias (Associação Kodokan), o professor Lúcio Gláucio Mendonça e o professor Rildo Heros. A célebre Academia Shogun teve também como professor o nissei João Eonezawa, faixa preta segundo Dan, aluno do grande mestre japonês Massao Shinohara, que muito colaborou para o desenvolvimento técnico dos alunos dessa academia.

Sem dúvida esses abnegados cidadãos deixaram sua indelével contribuição em forma de conhecimentos, inovações e a consolidação da prática de esportes de alto impacto, dois deles, inclusive, são os mais praticados pela juventude amazonense, pois, de acordo com os números de suas respectivas federações, até o ano de 2014, sabia-se da existência de mais de 2.000 academias e de mais de 50.000 praticantes de jiu-jitsu e de judô, no Estado do Amazonas.

Desde 2015, quando a semente foi lançada, quando se está próximo a se comemorar o centenário da primeira luta de jiu-jitsu no Amazonas, os frutos não pararam de se reproduzir. Uma safra de campeões de alto nível nesses esportes surgiu e brilhou nos tatames do mundo todo, engrandecendo o Estado nesse segmento que se tornou uma vasta atividade econômica, movimentando cifras bilionárias pelo mundo todo que é o “bug” desportivo do momento. Personagens como Ajuricaba de Menezes, Osvaldo Alves, Xande Ribeiro, Omar Salum, Ronaldo Jacaré, Bibiano, Paulo Coelho, Fredson Paixão e José Aldo conquistaram o mundo e passaram a chamar a atenção para essa história até então incógnita. E, complementando, segundo palavras do professor Rildo Heros, pesquisador do tema – “Da história, ainda pouco conhecida de Satake e sua escolinha no Rio Negro, às conquistas de amazonenses nos octógonos, Manaus, graças aos viajantes da terra do sol nascente, hoje se confunde com o jiu-jitsu. E o jiu-jitsu com Manaus”.

Aguinaldo Nascimento Figueiredo é professor, historiador, escritor e membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), autor dos livros História do Amazonas (2000); Santa Luzia: História e Memória do povo do Emboca (2008); e os Samurais das Selvas: A presença Japonesa no Amazonas (2012).